É um cantar que nasceu pelos corredores da fronteira, e há muito tempo é assim, andejar e andejar, distâncias que são encurtadas pelas patas de fletes, e relatadas aqui pelo linguajar próprio, de campo.

Aqui vamos relatar o que vivenciamos, sentimos e até os sonhos que nos rodeiam, a cada passo do flete destino de quando em quando firmamos os arreios do pensamento e paramos n'alguma porteira divisora de razões, daí que brotam as discussões, cada um defende suas origens, peleiam por algum ideal, mas não podemos esquecer de que andamos sempre "Compondo Rastros".

Cada um tem seu passado que cruzou, deixou "rastros", por isso temos que firmar a rédea do destino e seguir firme na estrada que escolhemos, é por aí o caminho que estamos "Compondo Rastros".


"Sou herdeiro dos caminhos,
Do rastro que me condena
Canto aqui as minhas penas
Colhidas por tantos pagos
Aroma de terra e pasto
Adoçado de sentimento
Que se mesclou aos ventos
Pra compor os meus rastros"



Carlitos da Cunha de Quadros

Santa Maria - 24/07/2010

Tempo Chuvoso


Radio Fronteira Gaúcha

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

No Assovio das Três Marias


Na ponta de uma canhada
Relincha um caborteiro,
Que se parou mais matreiro
Depois de escorreteado,
Ventena redemoneado
Por experiente domador
No sangue leva o fervor,
E o medo do bocal atado

O barroso soberano
Sonava a venta bufando,
Com a “crineira” voando
Contra o minuano “machazo”
“*Três Marias” ganha espaço
Num assovio bem campeiro,
E foi um tiro certeiro
Mostrando a força no braço

Demorou pra se manear
Coiceando as boleadeiras
Mostrando a força grongueira
Do seu extinto animal,
No velho estilo ancestral
As “Três Marias” dos charruas
Mãe desta pampa xirua
Do jeito tradicional.

Com a *manijera na mão
Num verdadeiro escarcéu,
Soltei as pedras pro céu
Nas “cruz” desse desbocado,
Que “se quedo” no banhado
Juntando barro com couro,
Só escutei o estouro
Vendo o barroso boleado.

Aperta irmão paysano
Que o bagual ta bem boleado,
Que no sul do meu estado
Índio não anda de a pé,
Sou herdeiro de Sepé
E não levo desafouro
Bem montado no meu mouro
Nas “Três Marias” tenho fé.

*Manijera- Menor pedra da boleadeira, a qual se maneja a boleadeira.
*Três Marias – Boleadeira

Letra: Vaner Rodrigues e Carlitos de Quadros
São Sebastião-maio de 2006

Foto:Bia Barcellos

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